Com certidão de nascimento sou cidadão? A relação do registro civil com a pobreza no Brasil

Autores/as

  • Alessandra Troian Universidade Federal do Pampa
  • Giovana Vigânico Queiroz Gonçalves Universidade Federal do Pampa
  • Luise Rodrigues Antunes Universidade Federal do Pampa

DOI:

https://doi.org/10.32870/cl.v1i32.8082

Palabras clave:

registro público, direitos fundamentais, pobreza, desigualdade

Resumen

O reconhecimento como pessoa natural permite o acesso às políticas públicas, as quais estão condicionadas ao registro civil das pessoas. Considerando a relação jurídica e socioeconômica do registro civil, entende-se que a pobreza e a desigualdade social são responsabilidades do Estado brasileiro. Este ensaio apresenta as medidas adotadas pelo Estado brasileiro na regularização da documentação e os efeitos da inacessibilidade aos direitos fundamentais diante da invisibilidade registral e da pobreza. O argumento central é que a pobreza, além de ser um fenômeno multidimensional, se agrava pela ausência do registro de nascimento, o que gera desconexão com o Estado. Em outras palavras, como agente decisório e formulador de políticas públicas, o Estado tem uma responsabilidade direta na provisão de assistência social aos setores mais vulneráveis. No entanto, a falta de registro e a ineficácia de suas políticas o posicionam como corresponsável por perpetuar a pobreza e a desigualdade social.

Biografía del autor/a

Alessandra Troian, Universidade Federal do Pampa

Doutora em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Administração, da Universidade Federal do Pampa, campus Santana do Livramento, RS.

Giovana Vigânico Queiroz Gonçalves, Universidade Federal do Pampa

Graduada de Direito da Universidade Federal do Pampa – Unipampa do Campus de Sant’Ana do Livramento/RS.

Luise Rodrigues Antunes, Universidade Federal do Pampa

Graduada em Gestão Pública e Mestre em Administração pela Universidade Federal do Pampa.

Citas

Araújo, V. (2003). ‘Invisíveis’: Rio tem mais de 200 mil pessoas, de crianças a idosos, sem registro de nascimento. O GLOBO. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/01/invisiveis-rio-tem-mais-de-200-mil-pessoas-de-criancas-a-idosos-sem-registro-de-nascimento.ghtml Acessado em: 09 de jan. de 2024.

Bonavides, P. (2008). A quinta geração de direitos fundamentais. Revista Brasileira de Direitos Fundamentais y Justiça, 2(3), 82–93. DOI: 10.30899/dfj.v2i3.534. Disponível em: https://dfj.emnuvens.com.br/dfj/article/view/534. Acesso em: 5 ago. 2024.

Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal, Centro Gráfico. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 06 ago. 2023.

Brasil. (1943). Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, 7.

Brasil. (2014). Decreto nº 8.270, de 6 junho de 2014. Institui o Sistema Nacional de Informações de Registro Civil - Sirc e seu comitê gestor, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2014/Decreto/D8270.htm acesso:15-04-2019. Decreto nº 8.270 de 6 de junho de 2014. Acesso em: 23 de jun. 2024.

Brasil. (2019). Decreto nº 9.929 de 22 de julho de 2019. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Informações de Registro Civil - Sirc e sobre o seu comitê gestor. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9929.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%209.929%2C%20DE%2022,37%20a%20art. Acesso em: 06 ago. 2023.

Brasil. (1973). Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.htm. Acesso em: 04 ago. 2024.

Brasil. (1993). Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da assistência social e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm. Acesso em: 12 ago. 2024

Brasil. (1997) Lei nº 9.534, de 10 de dezembro de 1997. Dá nova redação ao art. 30 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos; acrescenta inciso ao art. 1º da Lei nº 9.265, de 12 de fevereiro de 1996, que trata da gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania; e altera os arts. 30 e 45 da Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre os serviços notariais e de registro. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9534.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.534%2C%20DE%2010%20DE%20DEZEMBRO%20DE%201997.&text=D%C3%A1%20nova%20reda%C3%A7%C3%A3o%20ao%20art,cidadania%3B%20e%20altera%20os%20arts. Acesso em: 5 ago. 2024

Brasil. (2022) Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2022. Institui o Código Civil. Brasília. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm?ref=blog.suitebras.com. Acesso em 6 ago. 2023.

Brasil. (2023). Lei nº 14.534, de 11 de janeiro de 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/l14534.htm. Acesso em: 15 jan. 2024.

Brasileiro, T.V. (2017). O comitê gestor estadual de políticas de erradicação do sub-registro civil de nascimento e ampliação do acesso à documentação básica do Rio de Janeiro: um zoom sobre a sua trajetória. Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Org.). Acesso à Documentação, MPRJ, 47-79.

CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Campanha Registro Civil. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/campanha/campanha-registro-civil/. Acesso em 08 de ago de 2024.

CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Peças de Divulgação. Disponível em:

https://www.cnj.jus.br/corregedoriacnj/semana-nacional-de-registro-civil-registre-se/2-a-semana-nacional-do-registro-civil/pecas-de-divulgacao/). Acesso em 08 de ago de 2024.

CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Registre-se: no primeiro dia da ação, foram emitidas mais de 5 mil certidões. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/registre-se-no-primeiro-dia-da-acao-foram-emitidas-mais-de-5-mil-certidoes/. Acesso em 08 de ago de 2024.

Codes, A. L. M. (2008). A trajetória do pensamento científico sobre pobreza: em direção a uma visão complexa. TEXTO PARA DISCUSSÃO N° 1332, IPEA.

Conselho Nacional de Justiça. (2023). Provimento 140 de 22 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/files/original2114002023022363f7d718d3b3d.pdf. Acesso em 6 ago. 2024.

Crespo, A. P. A y Gurovitz, E. (2002). A pobreza como um fenômeno multidimensional. RAE eletrônica, 1, 1-12.

Chahaira, L. V. (2020). “E se eu não existe, por que cobras de mim?”: a dupla marginalidade das pessoas privadas de liberdade sem documentos civis no estado do Rio de Janeiro. (Dissertação), Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Da Fonseca, R. S. (2019). Direitos de fraternidade na teoria das gerações de direitos fundamentais. Revista do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, 31(1) 122–131. Disponível em: https://revista.trf1.jus.br/trf1/article/view/29. Acesso em: 5 ago. 2024.

Fahel, M., Teles, L. R y Caminhas, D. A. (2016). Para além da renda. Uma análise da pobreza multidimensional no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 31, e319205

Guirado, M. C. (2017). Passaporte para a proteção: política pública, direito de cidadania. In: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Org.). Acesso à Documentação, MPRJ, 29-46.

IBGE. (2023). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Sociais. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38545-pobreza-cai-para-31-6-da-populacao-em-2022-apos-alcancar-36-7-em-2021. Acesso em 8 jan. 2024.

Kageyama, A y Hoffmann, R. (2016). Pobreza no Brasil: uma perspectiva multidimensional. Economia e Sociedade, 15(1), 79–112.

Loureiro, L. G. (2023). Registros Públicos. Teoria e Prática. 12. ed., rev., atual. e amp. JusPodivm.

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Unicef reconhece trabalho do Brasil em promover o registro de crianças. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2021/marco/unicef-reconhece-trabalho-do-brasil-em-promover-o-registro-civil-de-criancas. Acesso em: 08 de ago de 2024.

Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. (2017). Acesso à Documentação, MPRJ.

Oddone, H. (2004). Las otras caras de la pobreza. Población y Desarrollo. 14-23. Disponível em: http://archivo.bc.una.py/index.php/RE/article/view/796 Acessado em: 04/09/2023.

Organização Das Nações Unidas – ONU. (1948). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas, Nova Iorque, 10 dez.

Osorio, R. G., Soares, S. S. D y Souza, P. H. G. F. (2011). Erradicar a pobreza extrema: um objetivo ao alcance do Brasil. Texto para Discussão n° 1619, IPEA.

Pimentel, W. L. (2023). Evolução dos Métodos de penhora de bens no direito processual civil. Equidade: Revista Eletrônica de Direito da UEA. 7(3).

Planalto. (2019). Decreto 10.063/2019, dispondo sobre o Compromisso Nacional pela Erradicação do Sub-registro Civil de Nascimento e Ampliação do Acesso à Documentação Básica, o Comitê Gestor Nacional do Compromisso Nacional pela Erradicação do Sub-registro Civil de Nascimento e Ampliação da Documentação Básica e a Semana Nacional de Mobilização para o Registro Civil de Nascimento e a Documentação Básica. Acesso em: 23 de jun. de 2024. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10063.htm.

Trindade, A. C. (1997). Tratado de direito Internacional dos direitos humanos. Fabris. 1, 390.

Silva, J. J., Bruno, M. A. P y Silva, D. B. N. (2020). Pobreza multidimensional no Brasil: uma análise do período 2004-2015. Brazilian Journal of Political Economy, 40, 138-160.

Souza, M. I. D. de., Silva, M. R. F. E. (2019). Pobreza, Desigualdade Social e Território: ambiência de atuação da Política Pública de Assistência Social (Poverty, Social Inequality and Territory: acting ambience of Public Policies in Welfare). Emancipação, 19(2) 1–17.

SEN, A. (2008). Desigualdade Reexaminada. 2.

Publicado

2024-12-31

Número

Sección

Región Latinoamericana: Economía, Política y Sociedad